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O que podemos aprender com a Festa do Morango em Taquaras – SC

Há anos que gostaria de conhecer a Festa do Morango no distrito de Taquaras em Santa Catarina. Taquaras é um distrito do município de Rancho Queimado e fica a 72Km de Florianópolis.

Finalmente consegui um domingo em que foi possível visitar a Festa do Morango. Fui com a Alessandra buscando um passeio bucólico, sonhando com o aroma gostoso do interior  e construí uma imagem mental do que pensava – e esperava encontrar:

Uma praça bonita e florida com guloseimas típicas das cidades do interior a preços atraentes e condizentes com a economia local e, é claro, muitos morangos bonitos e várias combinações gastronômicas envolvendo os morangos. A imagem da minha infância estava viva e seguimos rumo a Taquaras.

A estrada após Rancho Queimado não estava das melhores, mas curtimos durante todo o trajeto e já estava salivando pelos morangos que iria encontrar. Na programação da festa eu vi que haveria churrasco no almoço … hmmmmm … churrasco no interior. Rancho Queimado é conhecido por possuir açougues com carnes deliciosas e com preços em conta. Não conseguia imaginar nada menos do que um delicioso churrasco como refeição regado a sucos de morangos bem naturais e sem adição de açúcar.

E eis que chegamos … a Taquaras.

Assim começou para nós dois a “Festa do Morango”: Nada de estacionamento, uma quantidade imensa de carros disputando um pequeno espaço no meio da lama que depois de algumas voltas a 4Km/h conseguimos encontrar um pequeno lugar para estacionar. Caminhamos no barro e mais barro ainda encontramos no local da festa que parecia ter sido invadido por um lodaçal. O sonho começou a ruir com o acúmulo de barro nos calçados.

As barraquinhas com guloseimas gostosas também não estavam lá, tudo com cara de industrializado e preços elevados, tais quais em Florianópolis (que diga-se de passagem, é uma das cidades mais caras do Brasil). Era hora do almoço e sugeri almoçarmos no Restaurante Galpão Tropeiro. Eu tinha boa lembrança de um momento em que havia almoçado com meus Amigos lá há alguns anos e era uma comida caseira em conta e muito gostosa. Escolhemos uma mesa e sentamos. Pedimos suco de morango e eis que o garçom responde: Servimos sucos durante todo o ano, exceto na Festa do Morango. Temos só refrigerantes, água e cerveja.

Como assim?? Só na Festa do Morango que não tem suco … de morango?!?

Fomos nos servir e os alimentos pareciam mais um grande mexido feito de sobras com carne que não era de primeira e estava muito seca e insossa. Tudo muito seco mesmo, o que tornou ainda mais caro perante o que foi cobrado. Dissonância cognitiva total. Desculpa Alessandra por ter te convencido a almoçarmos neste restaurante.

Um verdadeiro banho de água fria em nossas expectativas. A ganância chegou ao interior e os proprietários aprenderam fácil a “esfaquear” os visitantes para lucrar o máximo durante os períodos de festas. É como Florianópolis começou a fazer na áurea época em que os argentinos vinham veranear em suas praias e que as pessoas faziam de tudo para lucrar na temporada “assaltando” nos preços dos bens, produtos e serviços (que não eram condizentes com o valor cobrado).

Um verdadeiro absurdo e é esta a imagem que fica na memória e na DESindicação.

Quanto aos morangos, outra situação que merece reflexão: Na mesa ao lado em que eram expostos os morangos vencedores do concurso, os maiores e mais bonitos (um deles pesava 60g!) estavam as caixas de morangos para a venda, com visual bem oposto ao dos vencedores, mas bem oposto mesmo, deixando a pergunta na “ponta da lingua”: Perguntei quanto estava a caixa de morangos (os vencedores) e a resposta foi: “estes não estão a venda, os que estão a venda são aqueles ali…”, sim, aqueles não tão vermelhos e Bem Menores, mas com preços de Florianópolis.

Meus amigos, este texto não é uma reclamação, é uma crítica construtiva e mercadológica. Não é preciso muito para organizar uma Festa do Morango em Taquaras e não escrevo assim como uma forma pejorativa, muito antes pelo contrário. Se o tempo está – e estava – para chuva, o caminho para as pessoas poderia ser calçado com brita, cacos de tijolos e até mesmo serragem. Sendo o custo de vida mais baixo e as matérias primas mais em conta, não forcem os preços para cima. Não coloquem comida de terceira sendo vendida por valores de primeira só porque é festa e porque as pessoas precisam almoçar e não possuem muitas opções.

Faça o simples e justo para Encantar, Surpreender e Emocionar que o público volta, comenta e enriquece a cidade!

 

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